quarta-feira, 18 de maio de 2011

8ª A - A São Paulo RailWay – Estrada de Ferro Santos - Jundiaí


            Apesar de muito bem posicionada em relação as rotas de comércio do litoral ao interior, a cidade de São Paulo , na primeira metade do século XIX, ainda mantinha características de “burgo de estudantes”[2], devido principalmente pela dificuldade de acesso ao litoral, o porto de Santos.
         Através de uma visão retrospectiva da história, a implantação da ferrovia São Paulo Railway na segunda metade do século XIX, foi o impulso necessário para a alteração da paisagem do planalto, com o fortalecimento da centralidade da cidade de São Paulo, que a partir do inicio das operações da estrada, pôde abrigar as famílias dos cafeicultores e, além dos negócios do café ver nascer fábricas e indústrias, futuramente importantes marcas da metrópole paulistana.
         As primeiras iniciativas para a implantação de estradas férreas foram a aprovação de leis, criando desta forma um ambiente adequado. A lei Feijó, lei Nº 101 de 31 de outubro de 1835, aprovado em Assembléia Nacional foi o primeiro passo para a implantação de estradas de ferro no Brasil, através da concessão de favores as companhias que se organizassem para a construção e operação de uma estrada de ferro. Em 1852 a Lei Cochrane, Lei Nº 641, de 26 de junho de 1852, volta a criar condições para a expansão ferroviária, garantindo privilégios de exploração de área de influência por 90 anos, garantia juros isenções de direitos de importação e etc.
         Mas foi em 1856, que o decreto Imperial número 1.759 de 26 de abril de 1856, artigo1º, autorizou a incorporação de uma companhia fora do país para a construção e custeamento de uma estrada de fero que, “partindo das vizinhanças da Cidade de Santos, onde for mais conveniente, se aproxime da de S. Paulo, e se dirija á Villa de Jundiaí” [1]. Este Decreto estabeleceu as regras básicas para a construção, operação e futura desapropriação da estrada, tornando-se modelo para as demais concessões realizadas no país.
         A Estrada de Ferro “São Paulo Railway Company Ltd.”, incorporada em Londres, teve seu estatuto aprovados pelo Decreto Imperial numero 2.601, de 06 de junho de 1860. Sua criação se fez possível e viável devido à lavoura da café no interior do estado de São Paulo, o café tinha fácil comercialização no mercado europeu.
         As obras da Estrada de Ferro de São Paulo tiveram início em 24 de novembro de 1860, e santos, e foram realizadas simultaneamente em toda a linha com a perspectiva de acelerar entrada das obras previstas para 1868. Os empreiteiros, no entanto, propuseram a entrega três anos antes do limite previsto.
         No ano de 1867 se iniciou o trafego entre santos e São Paulo, de acordo ao relatório de engenheiro Bento Sobragy, informa que as instalações intermediarias “são todas construídas em vista do diminutissimo movimento de mercadorias e passageiros que deve haver por muitos anos nesses pontos. Destas é o Rio Grande a mais prometedora, há ali um pequeno armazém”, (relatório apresentado a Assembléia, 1867). \Sendo que o recebimento definitivo foi dado pelo Ministro da Agricultura e Obras Públicas em 1° de agosto de 1868.
         Com o tempo foi se tornando necessário novas estações intermediarias no decorrer na linha de ferro, com a finalidade de atender a povoados que se desenvolva juntos a linha férrea e atingiam uma produção que justificavam o recebimento das mercadorias e a necessidade de uma parada de trem no local, não previsto no projeto original. Antes pelo menos dois núcleos urbanos já estavam bem constituídos junto à linha férrea: São Caetano e Ribeirão Pires, Iniciativas da experiência colonizadora do império.
         Ao final do século XIX expansão da rede ferroviária no estado de São Paulo atinge as regiões de Sorocaba, Itu, Campinas e Vale do Paraíba, dessa forma aumentando a demanda de transporte. A falta de capacidade da linha inglesa fez necessária a futura duplicação da via, fator de otimizou a produção, garantiu ainda mais o crescimento da região metropolitana e todo o entorna da linha.
         Em 1895 foi celebrado o novo acordo com a São Paulo Railway Company (Brasil, Decreto numero 1999, de abril de 1985), obrigando a companhia inglesa a duplicar todas a linha férrea inclusive no trecho da serra, dando preferência á substituição do sistema funicular por um sistema ordinário de simples aderência. Determinava, ainda, a construção de novas estações e armazéns de alvenaria para a acomodação dos serviços de passageiros, encomendas e bagagens.
         Para tornar a duplicação possível sem que se interrompam as atividades na linha, foram construídos armazém nas estações de toda a linha e no pátio do Parí. A ampliação das estações terminais, desde o prédio já existente até das plataformas de embarque e desembarque de passageiros. Nesta fase a estação de Luz foi totalmente reconstruída com projeto diferenciado, tornando-se um símbolo da Metrópole do Café. O edifício era totalmente destinado ao transporte de passageiro e aos escritórios da companhia.
         Na estação Raiz da Serra e Alto da Serra, hoje Rio Grande da Serra, recebeu novos edifícios de passageiros tipo especial e segunda classe. Para suportar os operários das obras recebeu conjuntos de casa de operários junto a estação, originando uma vila operaria do Alto da Serra, hoje Paranapiacaba.
         As obras de duplicação foram entregues em 1901, possibilitando portanto melhorias no transporte entra o litoral e o interior, assim como a movimentação entre os subúrbios e São Paulo. Conseqüentemente á melhoria do transporte no estado favoreceu a instalação de industrias ás margens da via férreas, particularmente nas planícies formadas pelos fundos de vale dos rios Tamanduateí e Tietê, entre as atuais estações de Santo André e Lapa, causando a formação de novos bairros operários.

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