terça-feira, 20 de setembro de 2011

Construção Civil - 8ª A


Como era de praxe acontecer, a construção, em São Miguel do Cajuru, de uma Capela filiada à Matriz de Nossa Senhora do Pilar de São João del-Rei, seria conseqüência natural do desenvolvimento econômico e político do Arraial. Referência a esta primitiva Capela foi objeto de notícia na primeira metade do século XVIII, onde se lê: “23/07/1810 - Faleceu o Pe. Manuel Gonçalves Correia que foi batizado á 31/05/1745 na Capela de São Miguel do Cajuru, pelo Capelão Pe. Antônio João da Silva.” (conf. registrado em "Efemérides de S. João del-Rei", obra de de Sebastião de Oliveira Cintra). Por provisão episcopal de 7 de agosto de 1833, foi instituída a freguesia de São Miguel do Cajuru, criada por decreto de 14 de julho de 1832, sendo o primeiro vigário encomendado o padre Isidoro Correia de Carvalho. Segundo informações orais , a primitiva Capela dispunha de torre única, lateral e certamente teria sua planta organizada no tradicional esquema de Capela-mor, Nave e coro, até hoje perceptiva - apesar das ampliações e modificações introduzidas posteriormente e que foram iniciadas em torno de 1925 -, não só pela própria volumetria da atual construção como por seus detalhes construtivos que mostram, nas partes mais antigas, beirais em beira-seveira (beira-sub-beira) que são típicos da região e muito encontrados em São João d’El-Rey e Tiradentes-MG. Como em geral ocorreu por toda parte, aquela primitiva Capela devia ser muito simples e pequena, devendo, com o crescimento da população e o natural desgaste, ser substituída por outra de maiores proporções, o que deve ter ocorrido em inícios do século XIX. Esta segunda Capela também sofreu interferências e descaracterizações, no início do presente século e “ainda que ampliada e profundamente alterada em seu exterior, a antiga Capela pode ser reencontrada internamente, caracterizando-se pelos altares do arco-cruzeiro e pela Capela-mor que mantém seus elementos básicos de organização e acabamento, inclusive na pintura de fundo que apresenta motivos florais de cuidada feitura e colorido exuberante. Entretanto, devem ser destacadas as pinturas da nave e da Capela-mor, que são o tema desta comunicação, e constituem singular exemplo de arte religiosa barroca de Minas Gerais, por sua excelente composição, cuidadoso acabamento e rigoroso, porém harmônico colorido(...)” , executado talvez à base de têmpera, que resiste mais do que o óleo à oxidação causada pela atmosfera. Ana Etelvina de Ávila (1906-1989) disse que se lembrava da torre da capela antiga, como ela foi pintada num antigo prato que faz parte do acervo da igreja.

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