Como era de
praxe acontecer, a construção, em São Miguel do Cajuru, de uma Capela filiada à
Matriz de Nossa Senhora do Pilar de São João del-Rei, seria conseqüência
natural do desenvolvimento econômico e político do Arraial. Referência a esta
primitiva Capela foi objeto de notícia na primeira metade do século XVIII, onde
se lê: “23/07/1810 - Faleceu o Pe. Manuel Gonçalves Correia que foi batizado á
31/05/1745 na Capela de São Miguel do Cajuru, pelo Capelão Pe. Antônio João da
Silva.” (conf. registrado em "Efemérides de S. João del-Rei", obra de
de Sebastião de Oliveira Cintra). Por provisão episcopal de 7 de agosto de
1833, foi instituída a freguesia de São Miguel do Cajuru, criada por decreto de
14 de julho de 1832, sendo o primeiro vigário encomendado o padre Isidoro
Correia de Carvalho. Segundo informações orais , a primitiva Capela dispunha de
torre única, lateral e certamente teria sua planta organizada no tradicional
esquema de Capela-mor, Nave e coro, até hoje perceptiva - apesar das ampliações
e modificações introduzidas posteriormente e que foram iniciadas em torno de
1925 -, não só pela própria volumetria da atual construção como por seus
detalhes construtivos que mostram, nas partes mais antigas, beirais em
beira-seveira (beira-sub-beira) que são típicos da região e muito encontrados
em São João d’El-Rey e Tiradentes-MG. Como em geral ocorreu por toda parte,
aquela primitiva Capela devia ser muito simples e pequena, devendo, com o
crescimento da população e o natural desgaste, ser substituída por outra de
maiores proporções, o que deve ter ocorrido em inícios do século XIX. Esta
segunda Capela também sofreu interferências e descaracterizações, no início do
presente século e “ainda que ampliada e profundamente alterada em seu exterior,
a antiga Capela pode ser reencontrada internamente, caracterizando-se pelos
altares do arco-cruzeiro e pela Capela-mor que mantém seus elementos básicos de
organização e acabamento, inclusive na pintura de fundo que apresenta motivos
florais de cuidada feitura e colorido exuberante. Entretanto, devem ser
destacadas as pinturas da nave e da Capela-mor, que são o tema desta
comunicação, e constituem singular exemplo de arte religiosa barroca de Minas
Gerais, por sua excelente composição, cuidadoso acabamento e rigoroso, porém
harmônico colorido(...)” , executado talvez à base de têmpera, que resiste mais
do que o óleo à oxidação causada pela atmosfera. Ana Etelvina de Ávila
(1906-1989) disse que se lembrava da torre da capela antiga, como ela foi
pintada num antigo prato que faz parte do acervo da igreja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário